sábado, 9 de abril de 2011

Uma reflexão de Flávio sobre a escola

Flávio Boleis Júnior — Educador




A escola é um lugar muito chato, inadequado e incrivelmente ultrapassado.
O pior é que os indicadores de "qualidade" cada vez mais aceitos pela nossa sociedade vão ao encontro de uma escola emburrecedora, ao invés de propugnar um ambiente educador de verdade, onde a vida e a alegria de viver estejam presentes! Analisa-se a qualidade de uma escola pelos ranques de avaliação externa (saresp, saeb, enem, enade, pisa e outras tranqueiras mais), que são a perfeita louvação dos valores da "ética" capitalista, da competição — no lugar da cooperação —, da decoreba — no lugar da reflexão —, dos manuais escolares — agora travestidos de apostilas de "Anglo", "Etapa", "Positivo", "COC" e outras porcarias do tipo —, ao invés do trabalho transformador do mundo e da própria natureza humana no ambiente escolar.

A Pedagogia da Escola Moderna (juntamente com algumas outras pedagogias libertadoras, democráticas e que respeitem os interesses reais da infância) oferece grande esperança de formação de sujeitos ativos, autônomos e responsáveis, verdadeiros cidadãos, homens e mulheres de bem; enfim, pessoas felizes!


Nossa luta por uma Educação de verdade, com "E" e não com "e", é grande. Talvez precisássemos rever nossa ação na sociedade, nossas iniciativas de estudos entre docentes e educadores, nossos encontros, participações em congressos e fóruns de aprofundamento pedagógico. Precisamos ser mais ativos, mais propositores e divulgadores dessa pedagogia transformadora!
Iniciativas como a da Escola Lellis do Amaral Campos, em Bebedouro (da diretora Carminha) com uma sala de aulas sem carteiras (que está dando excelente resultado); da Paidós, no México (da diretora Teresita), com seu replantio de árvores em conexão entre escola e comunidade; da Curumim em Campinas (da diretora Glaucia) com suas iniciativas amplamente participativas para as crianças desde a Educação Infantil na organização do tempo e espaço escolar; do Colégio Notre Dame, em Teresina (da diretora Waldília), com a assunção dos valores da Carta da Terra em atividades práticas e cotidianas; da Oca dos Curumins (da diretora Fátima), da Escola Cândido Portinari (Da diretora Magali) que trabalha a Pedagogia da Escola Moderna da Educação Infantil ao Ensino Médio e de tantas outras escolas que conhecemos, em que trabalhamos ou já visitamos, precisam ser mais conhecidas pelos educadores pelo mundo a fora! E a responsabilidade da divulgação, da propagação das ideias e dos ideais da Escola Moderna é inteiramente nossa! Ou tomamos as rédeas da transformação que queremos realizar, ou ficamos "a ver navios".

Precisamos "derrubar a escola que temos para fazermos outra escola", como defendia Pistrak em seu livro "Fundamentos da Escola do Trabalho", que tanto influenciou Freinet!
De resto, loucos, psicopatas, doentes mentais sempre haverá, em todas as sociedades! É claro que não podemos nos conformar com um massacre como o que acaba de ocorrer no Bairro de Realengo, no Rio de Janeiro, mas nunca teremos como prever os atos perversos de pessoas doentes que sequer são donas de sua própria razão. Se realizarmos um bom trabalho, uma pedagogia do bom senso, uma boa educação, pode ser que auxiliemos a evitar que algumas pessoas mentalmente sãs adoeçam!
Mas se pudermos, pelo menos, minimizar os traumas que a escola emburrecedora tem imposto aos sujeitos de nosso tempo, já estaremos trabalhando numa causa maravilhosa!



Mãos à obra!


Flávio é um educador freinetiano, amigo meu e escreveu este texto na lista que temos. Encontra-se também no blog http://paposfreinetianos.blogspot.com/. Postado por Leila Fernandes Arruda

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