terça-feira, 25 de maio de 2010

A Insustentável Leveza do Ser


Letícia

O que os outros esperam de você?!! O que você espera de você? Difícil ser essa mulher ideal. Carrego comigo uma carga de infância que se chama delicadeza. Garota meiga, delicada que respondia tudo com sorriso. Adolescente idealizadora do mundo de Pollyanna, foi assim que meu marido me conheceu (se bem que, nesta época já havia os períodos críticos de TPM). Só que com o andar da carruagem vieram muitas interferências como responsabilidades, mercado de trabalho, algumas perdas e dificuldades na vida que foram mostrando a Insustentável Leveza do Ser. E como Kundera diz em seu livro, o peso do comprometimento começa a virar uma âncora que finca a vida a uma razão de ser. Profundo, não?! Mas foi a única definição que encontrei nesse meu dilema de ser ou não ser, do peso x leveza, do peso como ausência, da não-leveza.
E assim vou tentando me reencontrar em um Eterno Retorno, que nos faz encarar a vida em meio as suas alegrais e mazelas buscando sempre fazer a vida valer a perna ser vivida (tudo isso Nietzsche também dizia).
Mãe de uma doce menina de 1 ano e 4 meses, me reencontro em meio aos seus sorrisos que me refaz o que desfez, pelo menos é o que eu sinto, mas sei que a gente se desvencilhar da gente e o quanto prejudica que a falta do tempo e da delicadeza ao Guti, meu querido amor.
E para isso deixo versos de Chico Buarque, pois não sou tão boa de rima e que pelo titulo já diz, Todo o Sentimento.
... Depois de te perder,
Te encontro, com certeza,
Talvez num tempo da delicadeza,
Onde não diremos nada;
Nada aconteceu.
Apenas seguirei
Como encantado ao lado teu.

Letícia, 32 anos, mestre em Design, coordenadora de produção e artes gráficas de uma distribuidora, professora universitária em um curso de engenharia (tudo a ver), ama arte, artesanatos (só não tem muita habilidade pra coisa). E acima de tudo, mãe da Nina.

4 comentários:

  1. Que coisa linda de texto... A Lets viveu na vida o movimento inverso ao meu, mas a maternidade já está fazendo o trabalho dela. Nasci casca dura... baratona mesmo... atropeladora de gentes (inclusive de mim mesma). Mas a vida (a Fluoxetina, a Ritalina e a terapia) com as suas mazelas foi me moldando e me deixando mais leve. Como hoje não estou tão culta quanto a Lets deixo como música o que tem se seguido em minha vida ultimamente:
    "deixa a vida me levar, Vida leva eu..."
    ;D

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  2. Estas são minhas meninas, as duas faces de mim mesma. Como as amo, assim como são. Este momento é mágico, pois posso quebrar distâncias e parar o tempo, lendo seus pensamentos, suas incoerências, seus conflitos e participar um pouco mais do uqe elas são. Beijos-as
    mamãr

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  3. Só agora que consegui escrever sobre seu post!!! Mas como te falei ontem, valeu minhas cutucadas em baixinha??? Saiu um texto lindo e encantador!! Que maravilha participar dessas mudanças, tanto da Letícia quanto da Leilany...e agora ver os filhos delas as reinventando! São os momentos que eu mais gosto de viver, qd estou com eles e vcs!!! bjks

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  4. Precisei ler várias vezes este post, mas não porque não estava bem escrito ou pouco claro, e sim por ter movimentado coisas em mim. Demorei pra perceber o significado de "Insustentável Leveza do Ser", conseguia compreender o significado de cada uma dessas palavras separadamente mas ao juntá-las pra mim parecia não haver sentindo algum até que as escamas caíram ... putz!Entendi!Tem muito haver com o que tenho pensado nesses meses.
    Lets, arrasou!

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