PENSAMENTOS DE UMA EDUCADORA VS SENTIMENTOS DE UMA MÃE

UMA MÃE ME PROCUROU QUESTIONANDO COMO ENTENDER, À LUZ DA PEDAGOGIA, A MORDIDA QUE SEU FILHO LEVOU NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL.
EIS MINHA RESPOSTA:

Querida mamãe desesperada,

Na visão de mães e pais que deixam seus filhos em berçários, creches e escolas de Educação Infantil, sem dúvida uma das coisas do dia a dia que podem acontecer de pior com sua criança é ela levar uma mordida. Claro, ninguém gosta de ver aqueles sinais doloridos na pele de seu filho. Mas, todos nós pais de crianças pequenas em instituições corremos esse risco, é preciso entender o que isso significa do ponto de vista da criança que mordeu.

A criança pequena ainda tem domínio muito precário da linguagem verbal como ferramenta de comunicação e além disso, tem a boca como principal porta de comunicação com o mundo, pois é pela boca que suga,  mama, chora, ri e balbuciar para expressar suas emoções, mas é também com a boca que morde como forma de perceber a consistência dos objetos, alimentos, provocar reações nos outros e de expressar sentimentos como frustração, tristeza, contrariedade, ansiedade, ciúmes, raiva, e sobretudo busca de atenção. Praticamente toda criança na faixa etária entre um e três anos lançará mão desse recurso. Desta forma, as mordidas devem ser compreendidas levando-se em conta o contexto em que ocorrem. 

Para os educadores da instituição de seu filho eu alertaria que via de regra as mordidas nas escolas ocorrem em momentos de longa espera, ou em situações em que as crianças possam se sentir frustradas. Seja qual for a causa, é importante os educadores e os pais não taxarem a criança de mordedora, porque isso geraria a expectativa de que ela voltará a morder, o que pode realmente levar a mais mordidas, mas em lugar de olhar apenas para a criança é importante olhar a rotina e perguntar-se: em que momentos mais ocorrem as mordidas? O que há de peculiar nesses períodos (esperas, frustrações, falta de recursos em número suficiente para todas as crianças, inatividade...); Há como pensar mudanças na rotina para se minimizar esses momentos e com isso diminuir a incidência das mordidas?

A melhor forma de lidar com o fato é a tranqüilidade, e mostrar à criança que o que ela faz provoca dor, machuca. E, além disso, ensinar que existem outras formas de expressar seus sentimentos.

 

AGORA ABAIXO LEIA AS COLOCAÇÕES DESTA MAMÃE QUE GEROU A RESPOSTA ANTERIOR.

 

Caríssima educadora e respondedora de perguntas sobre educação de filhos,

 

Sou mãe de 4 filhos, me considero muito democrática, informada, bacana até, mas quase que tirei meu pequeno menino da escola quando fui buscá-lo essa manhã e constatei que havia um buraco em sua face.

Sim, um buraco!! Enorme, vermelho, com direito a sangue e tudo.

Fui informada pela escola que seu amigo (?) havia feito aquilo em resposta a agitação de meu filho que nunca havia ficado na escola sem sua irmã gêmea que não fora naquele dia porque precisou ir ao médico.

Meu pequeno menino tem 1 ano e 11 meses e supostamente estava agindo diferente por causa dessa situação. Meus dois gêmeos já foram mordidos várias vezes por essa mesma criança.

 

Cara educadora, como devo compreender essa questão? Qual deve ser a forma como devo entender esse fato à luz da ciência da educação?

E finalmente: É melhor ter um amigo cachorro; um cachorro amigo; ou um cachorro amigo cachorro?

 

Aguardo ansiosa o seu bom senso de educadora,

Crazy Mom

 

 

   

Leilany tem 35 anos, é Pedagoga, mestre em Educação pela Universidade Federal de São Carlos. Mãe de Laura (13), Sofia (6), e os gêmeos Sara e Daniel (2 anos). Casada há 15 anos com Marcus. Atua na área da educação há mais de 15 anos, chefiou equipes e atualmente coordena uma casa, o exército de filhos, a empregada, presta assessoria na área de Trabalhos Acadêmicos e escreve para os blogs CRAZY MOM e CitroNelas